Introdução
As leishmanioses
representam um complexo de zoonoses que acometem o homem quando ele entra em
contato com o ciclo de transmissão do parasito (Brasil, 2006). São
classificadas entre as doenças mais relevantes e emergentes em todo mundo, e o
Brasil está entre os países da América Latina que apresenta maior número de
casos humanos, cerca de 90% dos casos anuais registrados (Monteiro et al.,
2005).
Embora o homem
também possa atuar como reservatório do agente e tenha participação no ciclo de
transmissão, o cão é considerado um dos elos mais importantes na cadeia
epidemiológica da leishmaniose visceral (LV) (Ribeiro, 2007). A LV é
transmitida através da picada de insetos denominados flebotomíneos,
principalmente as espécies Lutzomyia longipalpis e L. cruzi, que
veiculam as formas promastigotas infectantes.
O principal agente etiológico da LV no Brasil
é a Leishmania (Leishmania) chagasi (Brasil, 2006, Camargo-Neves
et al., 2006).
A patogenia da
leishmaniose visceral canina (LVC) envolve vários fatores, e um fator decisivo
na evolução da doença está associado à resposta imunológica que o animal
desenvolve contra o parasito (Engwerda et al., 2004, Sanchez et al., 2004,
Miranda et al., 2007). A resposta imunológica do tipo celular tem sido
associada à proteção e cura (Barbieri, 2006), enquanto que a resposta
imunológica do tipo humoral, mediada por anticorpos (Reis et al., 2006) vem
sendo associada a processos inflamatórios que provocam danos teciduais que
repercutem em sinais clínicos associados à LVC (Ciaramella et al., 1997, Ciaramella
e Corona, 2003, Trotz-Williams e Gradoni, 2003).
A infecção pode
se apresentar de forma clínica, em que cães apresentam sinais clínicos e/ou
alterações clínico-patológicas características com confirmação de Leishmania
chagasi, ou subclínica, em que cães não apresentam alterações
clínicopatológicas, mas têm a presença de L. chagasi confirmada por
testes diagnósticos (Solano-Gallego et al., 2009). Apesar de a LVC ser
caracterizada como uma severa doença sistêmica, poucos estudos foram realizados
descrevendo as principais alterações histopatológicas encontradas nos diversos
órgãos do hospedeiro afetado pelo parasito (Giunchetti et al., 2008). Portanto,
o objetivo do presente trabalho foi avaliar as alterações histológicas do baço, fígado,
linfonodo e pele, de cães naturalmente infectados nas diferentes formas
clínicas da
leishmaniose visceral canina.
Material e
Métodos
Animais
Foram
utilizados cães (n=85) adultos, de idade e peso variados e sem raças definidas.
Os cães eram provenientes do Centro de Controle de Zoonoses de Fortaleza
(CCZ).
Este trabalho foi aprovado previamente pelo Comitê de Ética para Uso de
Animais
da Universidade Estadual do Ceará (CEUA/UECE), protocolo SPU n°
08622833-1.
Avaliação
Histológica
As
mais frequentes alterações histológicas esplênicas encontradas foram: espessamento
de cápsula (10%) e hipoplasia de polpa vermelha e polpa branca, de caráter discreto
(40%) moderada hipertrofia de polpa vermelha e polpa branca (20%) e intensa
congestão (30%) no grupo CS (Tabela 1). No grupo CC, também foi observado
discreto espessamento de cápsula (4,4%) e hipertrofia de polpa vermelha e polpa
branca (13,2%); moderada hipoplasia de polpa vermelha e polpa branca (51,5%) e
fibrose subcapsular (2,9%), além de congestão intensa (19,1%). Em CN
observou-se discreta congestão (85,7%). No fígado foi observado infiltrado
inflamatório histiolinfocitário peri-portal (40%), hipertrofia/hiperplasia de
células de Küpffer (40%) , congestão (50%) moderados , além de espessamento de
cápsula (40%) e granulomas intralobulares (20%) discretos (Figura 3d), no grupo
CS. Com relação ao grupo CC, observou-se infiltrado inflamatório peri-portal
(33,8%), espessamento de cápsula (10,3%), hipertrofia/hiperplasia de células de
Küpffer (48,5%), congestão (33,8%) e granulomas intralobulares (10,3%), todos
com o caráter moderado. Em CN verificou-se um discreto infiltrado inflamatório
peri-portal (14,3%), hipertrofia/hiperplasia de células de Küpffer (42,8%) e
congestão (28,6%). No linfonodo poplíteo, o grupo CS apresentou como principais
alterações, inflamação capsular (40%) , congestão (40%), hemossiderose
(40%)
e hipertrofia/hiperplasia de nódulos linfáticos (40%) discretas, hipertrofia/hiperplasia
de cortical (40%) e hipertrofia/hiperplasia de medular (60%) moderadas. Já no
grupo CC, as principais alterações foram: inflamação capsular (41,2%),
congestão (32,3%), hemossiderose (33,8%) e hipertrofia/hiperplasia de nódulos
linfáticos (45,6%) também de forma discreta, hipertrofia/hiperplasia de
cortical (50%) e hipertrofia/hiperplasia de medular (33,8%) com caráter moderado.
No grupo CN foi observada inflamação capsular (57,2%), hipertrofia/hiperplasia
de cortical (28,6%), congestão (28,6%) e hemossiderose (42,8%), todos com
caráter discreto.
Na
pele foi observado infiltrado inflamatório linfocitário moderado em CS
(40%)
e discreto em CC (35,3%). Vale ressaltar que, 32,4% dos cães pertencentes à CC
apresentaram infiltrado inflamatório de caráter intenso. Outros achados também
foram visualizados, como a presença de discreta congestão extravascular (40% e
29,4%), angiogênese (20% e 14,7%) e edema (10% e11,8%) em CS e CC,
respectivamente. Em CN foi observado discreto infiltrado inflamatório em 14,3%
dos cães.
Referências
bibliográficas disponíveis em:
Visitado
em: 28/10/2013 às 21:00h
Oi
Pessoal!
Esse
foi um ressumo, a respeito de uma Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual
do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em
Ciências Veterinárias. Feito pelo JOSÉ CLAUDIO CARNEIRO DE FREITAS.
Esse
tralho é sobre a leishmaniose
visceral canina (LVC) que é uma doença
infecciosa crônica causada por protozoários pertencentes ao gênero Leishmania
e o cão doméstico é apontado como principal hospedeiro reservatório e
responsável pela manutenção da cadeia epidemiológica da doença.Um dos objetivos
desse trabalho foi Avaliar as alterações histológicas do baço, fígado,
linfonodo e pele, nas diferentes formas clínicas de cães naturalmente
infectados por Leishmania chagasi.
Espero que gostem, ai vai o link
para que vocês possam visualizar o trabalho na integra.
Uma matéria bastante interessante. Doença infecciosa, porém, não contagiosa, causada por parasitas do gênero Leishmania. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos.
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