A
qualidade da educação básica pública Brasileira ainda tem muito que melhorar,
mas estamos no caminho certo.
Se
compararmos o compromisso do governo com a educação básica dos anos 90, com os
anos 2000 podemos observar boas mudanças, apesar de estar aquém do ideal um
passo a frente é melhor que não ir a lugar algum. Mas não devemos parar de
cobrar a excelência educacional, afinal só se constrói um bom país com uma boa
educação.
O que mudou nos últimos 25 anos na educação e NOVA
ESCOLA do Brasil.
De 1986 aos dias atuais, nossa Educação se transformou: a
universalização do ensino foi praticamente garantida, os investimentos
aumentaram e a formação docente evoluiu. No entanto, há muito a fazer para
garantir um bom ensino. Agora, é a vez de alcançar a qualidade
Ao longo desses 25 anos - em
que tivemos seis presidentes da República e 12 ministros da Educação - os
marcos legais que contribuíram para as mudanças no setor foram registrados nas
edições de NOVA ESCOLA, como a Constituição de 1988 e a LDB. No índice de
matérias abaixo, você verá em detalhes de que forma essas e outras medidas
impactaram nossa Educação. São 11 reportagens sobre:
Acesso e qualidade Após a garantia da universalização do
Ensino Fundamental, os desafios agora são buscar um ensino eficiente e diminuir
os índices de evasão e a repetência.
Educação rural Houve
avanços na legislação. Os efeitos disso na escola ainda não são sentidos.
Financiamento e salário Investimentos aumentaram com a criação
do Fundef e, mais tarde, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), mas ainda é
pequeno o impacto na qualidade da Educação.
Educação de Jovens e Adultos (EJA) Os recursos para essa modalidade de
ensino aumentaram, mas é essencial proporcionar aos alunos um ensino voltado às
suas necessidades específicas.
Carreira e formação A exigência de diploma de nível
superior para lecionar trouxe uma valorização à profissão, mas os cursos de
Pedagogia e Licenciatura são fracos e a atratividade da carreira ainda é baixa.
Educação indígena A
formação de professores índios avançou, mas eles precisam ter acesso a uma
melhor capacitação.
Infraestrutura O
país assistiu ao aumento nos investimentos em transporte escolar e ao salto no
número de instituições informatizadas, além da garantia de merenda para quase
todas as crianças. Contudo, ainda existem escolas sucateadas e sem água
encanada.
Tecnologia A
informática se tornou parte do cotidiano da sociedade, mas a escola ainda não
encontrou o caminho correto para seu uso.
Educação Infantil São
positivas as mudanças na concepção de atendimento aos pequenos. Problemas na
formação dos educadores e o déficit de vagas na área, porém, persistem.
Gestão escolar A
função do diretor passou de burocrata a gestor da aprendizagem. A prática,
contudo, ainda não é realidade em todas as escolas.
Inclusão As
crianças com deficiência chegaram à rede pública. O desafio agora é fazê-las
aprender.
As reportagens sobre o balanço de cada uma dessas áreas são acompanhadas de uma linha do tempo com os fatos mais relevantes e a repercussão deles em NOVA ESCOLA aos longo das últimas décadas. O resultado é um verdadeiro retrato da Educação brasileira no último quarto de século. Um retrato do qual também somos parte.
As reportagens sobre o balanço de cada uma dessas áreas são acompanhadas de uma linha do tempo com os fatos mais relevantes e a repercussão deles em NOVA ESCOLA aos longo das últimas décadas. O resultado é um verdadeiro retrato da Educação brasileira no último quarto de século. Um retrato do qual também somos parte.
AS MUDANÇAS QUE OCORRERAM AO LONGO DOS ANOS
Nesses 25 anos, NOVA ESCOLA
registrou as tendências pelas quais passou o trabalho do professor. Muitas das
práticas que hoje, graças a pesquisas didáticas, são consideradas inadmissíveis
foram recorrentes nas escolas e valorizadas pela revista. Os exemplos abaixo
demonstram como o conhecimento é provisório.
- De 1986 até meados dos anos 1990, uma característica marcante do nosso ensino - retratada nas reportagens - foi a valorização do 'aprender brincando'. Dentro dessa perspectiva, o objetivo era realizar atividades que divertissem os alunos, como jogos, só que sem objetivos específicos. Os conteúdos aprendidos (se é que se aprendia algo) não eram valorizados.
- O Aluno Aprende. É Só Você Parar de Ensinar: esse foi o título de uma reportagem de NOVA ESCOLA de 1987. Era um reflexo da má compreensão das propostas construtivistas - baseadas nas ideias de Jean Piaget (1896-1980) - que se popularizavam por aqui. A aprendizagem era encarada como algo espontâneo. Com o tempo, ficou claro que o professor tem um papel fundamental no processo.
- Concepção repetida à exaustão por professores - e por NOVA ESCOLA - durante os anos 1990: "Para ensinar a turma, é preciso desenvolver projetos criativos". Quanto mais diferente fosse o passo a passo da atividade, melhores seriam os resultados. Valia tudo: até usar a mitologia grega para ensinar à turma conteúdos de Matemática.
- No começo dos anos 2000, se tornaram recorrentes os projetos com foco em meio ambiente. As crianças eram incentivadas a entregar panfletos, coletar lixo reciclável e utilizar a sucata para fazer brinquedos (que logo retornavam ao lixo). A intenção era conscientizá-las por meio dessas ações. Na prática, recolher lixo na praça não ensinava e só ajudava a resolver um problema imediato.
- De 1986 até meados dos anos 1990, uma característica marcante do nosso ensino - retratada nas reportagens - foi a valorização do 'aprender brincando'. Dentro dessa perspectiva, o objetivo era realizar atividades que divertissem os alunos, como jogos, só que sem objetivos específicos. Os conteúdos aprendidos (se é que se aprendia algo) não eram valorizados.
- O Aluno Aprende. É Só Você Parar de Ensinar: esse foi o título de uma reportagem de NOVA ESCOLA de 1987. Era um reflexo da má compreensão das propostas construtivistas - baseadas nas ideias de Jean Piaget (1896-1980) - que se popularizavam por aqui. A aprendizagem era encarada como algo espontâneo. Com o tempo, ficou claro que o professor tem um papel fundamental no processo.
- Concepção repetida à exaustão por professores - e por NOVA ESCOLA - durante os anos 1990: "Para ensinar a turma, é preciso desenvolver projetos criativos". Quanto mais diferente fosse o passo a passo da atividade, melhores seriam os resultados. Valia tudo: até usar a mitologia grega para ensinar à turma conteúdos de Matemática.
- No começo dos anos 2000, se tornaram recorrentes os projetos com foco em meio ambiente. As crianças eram incentivadas a entregar panfletos, coletar lixo reciclável e utilizar a sucata para fazer brinquedos (que logo retornavam ao lixo). A intenção era conscientizá-las por meio dessas ações. Na prática, recolher lixo na praça não ensinava e só ajudava a resolver um problema imediato.
Num passado ainda recente, há
cerca de 25 anos, nossa Educação reunia índices alarmantes: apenas 80% dos
brasileiros em idade escolar estavam matriculados na escola. A Educação
Infantil pública praticamente não existia e milhões de crianças com até 7 anos
de idade eram privadas de estudar. Cerca de 20% das que tinham entre 10 e 14
anos eram analfabetas. A situação não era melhor quando se analisava o
Magistério: muitos professores ganhavam um salário irrisório (em valores
atualizados, não chegava a 50 reais). Em algumas regiões, o número de leigos -
sem curso específico para lecionar - passava dos 50%. Não havia um Plano
Nacional de Educação e sistemas de avaliação externa que balizassem a busca por
um ensino de qualidade.
Ciente desse quadro desastroso e interessado na sua transformação, o fundador da Editora Abril, Victor Civita (1907-1990), decidiu criar uma revista para ajudar os professores a ensinar todos os alunos. Foi assim, em março de 1986, que nasceu NOVA ESCOLA. Na edição de lançamento, um editorial de seu Victor, como ele era conhecido, apresentou os objetivos que inspiraram a publicação: "Fornecer à professora informações necessárias a um melhor desempenho de seu trabalho; valorizá-la; resgatar seu prestígio e liderança junto à comunidade; integrá-la ao processo de mudança que ora se verifica no país; e propiciar uma troca de experiências e conhecimentos entre todas as professoras brasileiras de 1º grau".
Vinte e cinco anos se passaram. Nesse período, a revista cumpriu essa missão, sempre se modernizando e acompanhando as tendências e as pesquisas na área. Ao analisar o conjunto de 239 edições, é possível constatar a evolução de nossa Educação em diversos setores. Porém, em todos eles, percebe-se que há muito a avançar.
Ciente desse quadro desastroso e interessado na sua transformação, o fundador da Editora Abril, Victor Civita (1907-1990), decidiu criar uma revista para ajudar os professores a ensinar todos os alunos. Foi assim, em março de 1986, que nasceu NOVA ESCOLA. Na edição de lançamento, um editorial de seu Victor, como ele era conhecido, apresentou os objetivos que inspiraram a publicação: "Fornecer à professora informações necessárias a um melhor desempenho de seu trabalho; valorizá-la; resgatar seu prestígio e liderança junto à comunidade; integrá-la ao processo de mudança que ora se verifica no país; e propiciar uma troca de experiências e conhecimentos entre todas as professoras brasileiras de 1º grau".
Vinte e cinco anos se passaram. Nesse período, a revista cumpriu essa missão, sempre se modernizando e acompanhando as tendências e as pesquisas na área. Ao analisar o conjunto de 239 edições, é possível constatar a evolução de nossa Educação em diversos setores. Porém, em todos eles, percebe-se que há muito a avançar.
Como
pontos positivos, podemos destacar o orçamento atual do Ministério da Educação
(MEC), que é o dobro de duas décadas atrás. Com um montante maior de recursos,
o acesso foi garantido: apenas 2,4% das crianças e jovens de 7 a 14 anos estão
fora das salas de aula. Na pré-escola, o atendimento das crianças de 4 e 5 anos
ultrapassa 81%. A taxa de analfabetismo entre os que têm de 10 a 14 anos baixou
para 2,5%.
Por outro lado, o trabalho que o país tem para as próximas décadas ainda é imenso. Estudos mostram que é preciso dobrar os investimentos por aluno. A infraestrutura, em muitos casos, é precária: há escolas sem biblioteca, computadores, internet e até banheiro e água encanada. Na Educação Infantil, o problema é sério: somente 18% das crianças com até 3 anos de idade estão matriculadas na creche. E ainda convivemos com um vergonhoso número de analfabetos: 14,1 milhões.
No que se refere especificamente à carreira docente, a situação não é diferente. É inegável o avanço na formação dos professores, porém até hoje há 30% deles sem diploma de nível superior - o que já era defendido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996. O salário melhorou, com a conquista de um piso nacional de 1.024 reais. Porém essa remuneração ainda é baixa quando comparada à de outras profissões de mesmo nível - isso, somado às péssimas condições de trabalho, transformou a carreira em uma das menos atrativas para os jovens.
Felizmente, a Educação tem se tornado um tema cada vez mais relevante, entrando nas pautas de discussão de diversos setores da sociedade. Hoje é consenso que sem um bom ensino o país não avança. A criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e as avaliações externas, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), têm fornecido índices que retratam os níveis de escolas e sistemas de ensino. Falta estreitar a relação entre o que é avaliado e o currículo para que haja impacto na aprendizagem. Além disso, no início deste ano, um novo Plano Nacional de Educação deve entrar na pauta do Congresso. Se tudo der certo, teremos definidas metas, percentuais de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e os responsáveis por cada objetivo - que não podem ficar só no papel.
Por outro lado, o trabalho que o país tem para as próximas décadas ainda é imenso. Estudos mostram que é preciso dobrar os investimentos por aluno. A infraestrutura, em muitos casos, é precária: há escolas sem biblioteca, computadores, internet e até banheiro e água encanada. Na Educação Infantil, o problema é sério: somente 18% das crianças com até 3 anos de idade estão matriculadas na creche. E ainda convivemos com um vergonhoso número de analfabetos: 14,1 milhões.
No que se refere especificamente à carreira docente, a situação não é diferente. É inegável o avanço na formação dos professores, porém até hoje há 30% deles sem diploma de nível superior - o que já era defendido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996. O salário melhorou, com a conquista de um piso nacional de 1.024 reais. Porém essa remuneração ainda é baixa quando comparada à de outras profissões de mesmo nível - isso, somado às péssimas condições de trabalho, transformou a carreira em uma das menos atrativas para os jovens.
Felizmente, a Educação tem se tornado um tema cada vez mais relevante, entrando nas pautas de discussão de diversos setores da sociedade. Hoje é consenso que sem um bom ensino o país não avança. A criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e as avaliações externas, como o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), têm fornecido índices que retratam os níveis de escolas e sistemas de ensino. Falta estreitar a relação entre o que é avaliado e o currículo para que haja impacto na aprendizagem. Além disso, no início deste ano, um novo Plano Nacional de Educação deve entrar na pauta do Congresso. Se tudo der certo, teremos definidas metas, percentuais de investimentos em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e os responsáveis por cada objetivo - que não podem ficar só no papel.
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em:21/04/2014 às 10:32
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